Dicas

Aluno autista na minha sala de aula. O que fazer?

23/08/2016

Muitas vezes o professor se questiona, será que vou ser capaz de ajudá-lo? Como posso ajudar? Até onde posso exigir do meu aluno?

Em primeiro lugar é preciso entender o que é o autismo e suas principais características.

O autismo é um transtorno do desenvolvimento que se manifesta através das dificuldades nas três áreas do desenvolvimento.

Interação social- A criança apresenta dificuldades em manter contato visual, brincar compartilhado, falta interesse em compartilhar prazeres ou realizações.

Comunicação- Geralmente é a primeira característica a ser observada, a criança pode apresentar ausência total da fala, atraso na fala, fala de forma ininteligível ou de maneira ecolalica, não funcional.

Dificuldades comportamentais- Interesse restrito a objetos ou partes particulares  dos objetos como por exemplo,girar a roda de um carrinho por horas  ao invés de explorar o brinquedo como um todo.Resistência a mudança de  rotinas, estereotipias (movimentos repetitivos) e dificuldade no uso da imaginação.

Depois de entender o autismo o próximo passo é não  rotular o aluno,é preciso observar e atentar-se para as características pessoais do aluno,verificar como ele se comporta diante das atividades pedagógicas e só então estabelecer metas,partindo sempre do que o aluno já sabe.

O vinculo afetivo e a motivação é essencial para uma inclusão com qualidade. O professor deve sempre buscar e manter contato visual com aluno, estimular a comunicação, propor atividade inclusivas com toda a turma, propiciar e mediar as brincadeiras entre o grupo, usar sempre uma linguagem simples, clara e firme.

Utilize todos os recursos disponíveis para ensinar, computadores, livros, músicas. Observe os interesses da criança, e utilize-os como motivadores para facilitar a aprendizagem, penetre no mundo autista para entender como esta criança aprende. Para muitas destas crianças o estímulo auditivo, visual ou tátil pode ser muito reforçador e controla o comportamento de atenção da criança durante as atividades.

É fundamental ter um material adaptado que facilite a aprendizagem e ajude a criança a ficar atenta e realizar as atividades com motivação e atenção, dispensando a ajuda intrusiva do professor. Por exemplo, ao observar que a criança se interessa por um determinado desenho animado (pica-pau), o professor pode adaptar atividades de matemática com imagens desta animação para a criança parear com os números. Outra mudança importante, além da confecção do material, é a disponibilização no ambiente de dicas visuais, ordem e previsibilidade são muito importantes, as pistas visuais irão ajudar a criança a prever os efeitos do seu ambiente e reduzir o medo do desconhecido (Quadro de rotina,cartolinas com palavras escritas),dicas auditivas (vinhetas que cantem o que a criança precisa fazer, instrução verbal),dicas gestuais(gestos que indiquem o que a criança precisa fazer) e por fim dicas físicas(o professor pega na mão da criança para  ela poder realizar a atividade),é importante salientar que essas dicas devem ser retiradas gradualmente para garantirmos a independência nas atividades.

Algumas dessas crianças apresentam comportamentos disruptivos (birra exagerada, onde a criança apresenta dificuldade para se acalmar, desencadeando comportamentos autolesivos e/ou heterolesivos), é importante investigar a razão deste comportamento, onde ocorre, quando e em qual situação ou na presença de quem ou do que este comportamento aparece. Diante desta situação,mantenha a calma e não se altere,redirecione o comportamento do aluno chamando sua atenção com algo que a criança goste, por exemplo, um brinquedo, mantenha o tom da voz baixo ou não verbalize neste momento, evite perguntas como: o que você quer?Espere um pouco, calma!Estas perguntas podem reforçar o comportamento e aumentar a probabilidade de o comportamento voltar acontecer em uma escala maior. É de extrema importância o relato destes acontecimentos para a família e para a equipe terapêutica que acompanha a criança, a troca de informações entre as pessoas que participam da vida desta criança vai ajudar entender determinados comportamentos e juntos encontrar soluções para os mesmos.

E no final não há nada mais gratificante do que receber um sorriso de uma criança e saber que você fez parte do processo de ensino e aprendizagem deste sorriso.

Como dizia Paulo Freire “Ensinar é criar possibilidades para a construção do conhecimento. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.